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Um Tio Misterioso

Yazíd bin Harún (Rahimahullah) narra o seguinte incidente:

Eu fui ter com Asbagh bin Yazíd Al-Warráq (Rahimahullah) para aprender alguns Hadíces de Nabí (sallalláhu alaihi wassallám). Quando cheguei, encontrei-o extremamente triste e angustiado, então perguntei-lhe: “Que Alláh Ta’ala tenha misericórdia sobre sí! Qual é a razão da sua tristeza?” Asbagh em vez de responder, disse-me: “Se vieste aprender Hadíces, oiça e não diga nada, senão , volte para sua casa.”  Eu, no entanto, escrevi os hadíces que ele me ensinou e regressei a casa. Quando fui ter com Asbagh no segundo dia,a sua tristeza tinha aumentado. Como eu estava preocupado com o bem estar dele, perguntei pela segunda vez o que é que tinha ocorrido? A minha pergunta foi em vão, visto que ele ignorou-a da mesma maneira que no dia anterior. Mais uma vez, escreví os Hadíces que ele ensinou e regressei a casa.

Quando fui ter com Asbagh no terceiro dia, encontrei-o feliz e animado. Eu disse-lhe:  “Vejo que estás feliz hoje. O que é que te aconteceu?”  Asbagh respondeu : “Se não tivesses perguntado a mesma questão por dois dias consecutivos, eu não te diria o que é que aconteceu. Eu e a minha família, passamos 3 dias sem comida. Hoje a minha filha veio ter comigo desesperada, reclamando: “Ó meu pai! Que fome!” Sem ter qualquer outro recurso, eu fiz wudhú e efectuei dois rakátes de saláh. Após isto, levantei as mãos para fazer duá. Mas, de repente, esquecí-me das palavras bonitas que costumava a proferir enquanto fazia Duá. Sem saber o que dizer, implorei a Alláh dizendo: Ó Alláh! Se Tú me privaste do sustento, peço que não me prive de fazer Duá. Logo que fiz este Duá, Alláh Ta’ala inspirou-me que implorasse a Ele com algumas palavras. Quando acabei de fazer Duá, regressei a casa e encontrei a minha filha mais velha a espera de mim. Ela disse-me: “Pai! Tio trouxe esta bolsa de moedas . Ele também trouxe um camelo carregado de farinha e um servente carregando um pouco de tudo que existe no mercado. Antes de partir, ele instruiu-nos dizendo: “Transmita os meus  Saláms ao meu irmão e diga-lhe para fazer o mesmo Duá quando tiver necessidade, que o Duá será aceite”

Asbagh continuou exclamando: “ Juro por Alláh! Eu não tenho nenhum irmão e nem sei quem era esta pessoa. Ele veio da parte de Alláh que tem poder sobre todas as coisas.” (Kitábul Mustaghítheena billáhi Taala – Ibnu Bashkuwál, pág. 43)

Lições­:

  1. Não existe algo como “não ter recursos” para um crente. Em qualquer lugar que ele esteja e em qualquer situação que ele se encontre, ele sempre tem o Wudhú, dois Rakátes de Saláh e a sua tigela de mendigo (as suas mãos) para extrair dos tesouros de Alláh Ta’ála.
  2. Alláh Ta’ála incutiu emoções e sentimentos no ser humano. Por isso, é possível que a pessoa esteja angustiada por alguma razão, e venha a falar de uma maneira rude ou tratar-nos de uma forma que não estamos acostumados. Uma pessoa neste estado deve ser tolerada, porque é possível que ela esteja a passar por uma crise e nós não estamos a par disso.

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