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As Tréguas de Hudeibiya e a Passagem de Abu Jandal e Abu Bashir (Radiyalláhu An’humá) – Fazáil A’mál – Série de Talím – 3 Parte

No sexto ano de Hijrah, Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam), juntamente com os seus companheiros, partiram para Makkah Mukarramah a fim de efetuarem o Umrah. O povo de Quraish ouviu a notícia e decidiu resistir à sua entrada na cidade de Makkah, uma vez que eles acharam que seria uma humilhação para eles permitir aos muçulmanos entrada a Makkah e, assim, o Profeta de Allah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) e os Sahábah (Radiyalláhu An’hum) tiveram que acampar em Hudaibiya.

Os devotos companheiros, que eram mil e quatrocentos em número, estavam de qualquer modo determinados a entrar, mesmo que tivessem que se envolver num confronto aberto, mas Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) abordou o assunto de uma forma diferente e, apesar da ânsia dos Sahábah para o confronto, decidiu fazer um tratado com Quraish, aceitando plenamente as condições deles.

Este desigual e aparentemente desagradável armistício era algo muito amargo para os Sahábah terem que engolir, mas a sua devoção ao Profeta de Allah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) não permitia qualquer objeção e até mesmo o homem mais valente como Umar (Radiyalláhu An’hu) não podia fazer nada, excepto submeter-se à decisão de Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam).

De acordo com um dos regulamentos do tratado, qualquer homem que abraçasse o Isslám durante o período do tratado teria que ser devolvido, mas qualquer muçulmano que voltasse para o Quraish não seria entregue de volta.

Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu), um muçulmano em Makkah, sofreu grandes opressões às mãos do Quraish. Eles mantinham-no constantemente acorrentado. Ao ouvir acerca a chegada de Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) a Hudaibiya, conseguiu fugir com muita dificuldade, e alcançou o acampamento dos muçulmanos na altura em que o tratado estava prestes a ser assinado.

O seu pai, Suheil (até então não-muçulmano), era o emissário do Quraish nas negociações do tratado. Ele golpeou Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu) na face e insistiu em levá-lo para Makkah. Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) disse que como o tratado ainda não entrara em vigor, por ainda não estar assinado, a aplicação do regulamento no caso de Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu) era prematuro. Mas Suheil não estava disposto a aceitar qualquer argumento e estava decidido a não deixar o seu filho com os muçulmanos, apesar do pedido pessoal de Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam), esquecendo-se do tratado.

Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu) contou todas as dificuldades e torturas que tinha passado e, por maior que fosse a dor dos Sahábah, Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) concordou com o seu regresso e recomendou a Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu) a paciência, dizendo: “Não te aflijas, Abu Jandal, Allah Ta’ala brevemente abrirá o caminho para ti.”

Depois do tratado ser assinado e Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) ter regressado a Madinah, outro muçulmano de Makkah, Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) escapou para Madinah e suplicou a protecção perante o Profeta de Allah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam). Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) recusou-se a aceitar os seus pedidos, respeitando as condições do tratado e entregou-o às duas pessoas do Quraish que tinham sido nomeadas para o levar. Contudo, Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) também o aconselhou, como tinha aconselhado a Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu), para que tivesse paciência e esperança na ajuda de Allah.

Quando Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) e a sua escolta iam a caminho, de regresso a Makkah, Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) disse a um deles: “Amigo, a tua espada é extremamente boa.” Este, lisonjeado, tirou a espada da bainha e disse: “Sim, realmente é muito boa e experimentei-a em muitas pessoas, podes observá-la.” Com alguma infantilidade, ele deu a espada a Abu Bashir que, por sua vez a experimentou no seu dono!

Entretanto, o outro homem fugiu para Madinah e quando chegou contou o que se passou ao Profeta de Allah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam). Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) também chegou e disse ao Profeta de Allah: Ó Profeta de Allah! Da última vez, fizeste-me voltar e absolveste-me das obrigações do tratado. Eu não tinha obrigações a cumprir e planeei a minha fuga com esta astúcia, pois estava com medo que me forçassem a abandonar a minha fé.”

Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) disse: “As tuas acções podem causar uma guerra! Eu desejava que fosses ajudado.” Com isto, Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) entendeu que teria que voltar para o Quraish de novo, quando eles assim o exigissem. Ele deixou Madinah e fugiu para um local no deserto na costa do mar.

Quando a informação chegou a Makkah de que Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) havia fugido para um local na costa do mar, Abu Jandal (Radiyalláhu An’hu) também conseguiu a sua fuga e juntou-se a ele. Assim, muitos muçulmanos de Makkah seguiram para lá e aos poucos, este pequeno grupo de fugitivos juntava-se no deserto em solidão. Eles tinham que suportar dificuldades no deserto, lugar sem habitação e vegetação. Contudo, conseguiram dificultar a vida do Quraish, pois atacavam sempre que passava alguma caravana do Quraish.

Isto fez com que os Quraishitas se aproximassem do Profeta (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) suplicando para intervir, chamando os fugitivos para Madinah e incluí-los no tratado para que as caravanas pudessem passar em paz.

É relatado que Abu Bashir (Radiyalláhu An’hu) encontrava-se na agonia da morte quando recebeu a carta de Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam) permitindo o seu regresso a Madinah. Mas ele veio a falecer ali mesmo, segurando na mão a carta de Raçulullah (Sallalláhu Alaihi Wa Sallam).

Nenhum poder ou força da terra poderá forçar um homem a abandonar a sua fé, desde que seja uma verdadeira fé e a religião também seja verdadeira. Mais ainda, Allah Ta’ala garantiu a Sua ajuda para aqueles que são verdadeiros muçulmanos.

(Fazáil Am’ál em Português / Pg. 20 – 23)

 

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