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A conversão de Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) ao Islám

Antes de aceitar o Islám, Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) era um assaltante de estrada. Ele era tão bravo e audacioso que, sem a ajuda de outros assaltantes, roubava e emboscava caravanas sozinho. Às vezes, atacava as caravanas montado a cavalo e, outras vezes, a pé. (Siyar A‘lám min Nubalá 3/373)

Mais tarde, ele abandonou os seus maus hábitos de assalto de estrada e começou a adorar somente a Allah Ta‘ala, acreditando no Tawhid (a Unicidade de Allah Ta‘ala). É narrado que três anos antes de abraçar o Islám, ele já adorava somente a Allah Ta‘ala e acreditava no Tawhid. (Usdul Ghábah 1/343)

Hazrat Abu Zar Ghifári (radhiyalláhu an’hu) é muito bem conhecido dentre os Sahábah (radhiyalláhu an’hum) pela sua piedade e conhecimento.

Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu) costumava dizer: “Abu Zar tem consigo um conhecimento que outras pessoas são incapazes de adquirir.”

Quando recebeu a notícia da profecia de Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam), ele incumbiu o seu irmão de ir a Makkah Mukarramah e investigar a respeito da pessoa que afirmava receber revelação divina. Ele instruiu ao seu irmão a investigar sobre o estado do homem e a ouvir atentamente a sua mensagem.

O seu irmão foi a Makkah e regressou após as devidas investigações, e o informou que Muhammad (Sallalláhu alayhi wassallam) era um homem que ordenava às pessoas que mantivessem
bons hábitos e excelente conduta, e também mencionou que as suas maravilhosas revelações não eram poesia nem adivinha.

Este relatório não era suficientemente detalhado e não o satisfez, e assim ele decidiu partir para Makkah Mukarramah para averiguar os factos por si mesmo. Ao chegar a Makkah Mukarramah, ele foi directo para o Haram. Ele não conhecia a Nabi (sallallahu alaihi wassallam) e não achou viável (devido as circunstâncias daquela altura) perguntar sobre ele a ninguém.

Ele permaneceu no Haram até o anoitecer. Quando escureceu, Hazrat Ali (radhiyallahu an’hu) o notou e, vendo que ele era um estranho e viajante, não pôde ignorá-lo, pois a hospitalidade e o cuidado para com os viajantes, os pobres e os estranhos eram parte da natureza dos Sahábah. Portanto, ele o acolheu na sua casa como hóspede. Ele não lhe perguntou sobre o propósito de sua visita a Makkah. Nem mesmo Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) o revelou.

Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu) o levou para casa novamente para passar a noite, alimentou-o e deu-lhe um lugar para dormir, mas novamente não perguntou-lhe o propósito de sua visita à cidade.

Na terceira noite, após Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu) tê-lo recebido, como nas duas noites anteriores, ele dirigiu-se a ele dizendo: “Irmão, qual é o propósito da sua visita aqui?”

Antes de explicar o seu propósito, Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) pediu a Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu) que prometesse dizer a verdade sobre o que desejava lhe perguntar. Em seguida, ele perguntou sobre Nabi Muhammad (Sallalláhu alayhi wa sallam).

Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu) respondeu: “Ele é certamente o Profeta de Allah. Venha comigo amanhã de manhã e eu lhe levarei até ele. Há muita oposição (contra Raçulullah (Sallalláhu alayhi wassallam) e os muçulmanos, e por isso temo que, se fores visto comigo, possa criar problemas para si). Se eu notar algum perigo no caminho, irei para o lado da estrada, fingindo que preciso aliviar-me ou que estou ajustando os meus sapatos, e você deve seguir em frente sem parar, para que as pessoas não pensem que estamos juntos.”

Na manhã seguinte, Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) seguiu a Hazrat Ali (radhiyalláhu an’hu), que o levou até Nabi (Sallalláhu alayhi wassallam). No seu primeiro encontro, ele abraçou o Islám.

Temendo que os Quraishitas pudessem lhe fazer mal, Nabi (Sallalláhu alayhi wassallam) pediu-lhe que mantivesse o seu Islám em segredo. Também lhe pediu que voltasse para casa, para seu clã, e retornasse quando os muçulmanos estivessem muito mais fortes e tivéssem o domínio.

Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) respondeu: “Ó Raçulullah! Em nome daquele que é o dono da minha alma, deverei ir e recitar o kalimah no meio desses descrentes!”

Fiel à sua palavra, ele foi directo para o Haram e, bem no meio da multidão, com toda a força da sua voz, recitou a Shahádah:

أَشْهَدُ أَنْ لَّا إِلٰهَ إِلَّا اللهُ وَأَشْهَدُ أَنَّ مُحَمَّدًا رَّسُوْلُ اللهْ

Testemunho que não há Divindade para além de Allah, e testemunho que Muhammad (Sallalláhu alayhi wassallam) é o Profeta de Allah.

As pessoas o atacaram por todos os lados e o teriam espancado até a morte se Abbáss, tio de Nabi (Sallalláhu alayhi wassallam), que até então não havia aceite o Islám, não o tivesse protegido fisicamente e o salvado da morte. Abbas disse à multidão: “Vocês sabem quem ele é? Ele pertence ao clã Ghifár, que vive no caminho das nossas caravanas para a Síria. Se ele for morto, eles nos emboscarão e não poderemos comercializar com aquele país.”

As pessoas entenderam que o comércio com a Síria era o meio de preencher as suas necessidades materiais e que, se essa rota fosse fechada, isso criaria muitas dificuldades para eles. Portanto, eles se retiraram e o deixaram em paz. No dia seguinte, Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) repetiu novamente o Shahádah perante o povo, e certamente teria sido espancado até a morte pela multidão se Abbáss não tivesse intervido e o salvado pela segunda vez.

A acção de Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) foi devido ao seu extremo amor por proclamar o Kalimah entre os kuffár. O conselho de Nabi (Sallalláhu alayhi wassallam) de impedi-lo
foi devido ao amor que ele tinha por Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu). Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) não queria que ele fosse submetido a dificuldades pelos kuffár, que poderiam ser demais para ele suportar.

Nesta história, não houve desobediência por parte de Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) em relação ao conselho que Raçulullah (Sallalláhu alayhi wassallam) lhe deu, pois o próprio Nabi (Sallalláhu alayhi wassallam) estava passando por todos os tipos de dificuldades pela causa de Allah Ta’ala ao pregar a mensagem de Islám. Hazrat Abu Zar (radhiyalláhu an’hu) também achou melhor seguir o seu exemplo em vez de usufruir da sua permissão para evitar o perigo.

Foi esse espírito dos Sahábah (radhiyalláhu an’hum) que os levou aos altos graus do progresso material e espiritual em todos os aspectos da vida. Os Sahábah (radhiyalláhu an’hum) eram tais que, uma vez que recitavam o kalimah e entravam no Islám, não havia poder na Terra que pudesse fazê-los retroceder, e nenhuma opressão ou tirania poderia impedi-los de espalhar a palavra de Allah Ta’ala.

(Fazá’il-e-A’mál [Inglês] pág. 23-25, [Urdu] pág. 14-16)

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