Home / Artigos em Geral / Hazrat Bilál (radhiyallahu an’hu) – O Tesoureiro de Raçulullah Sallalláhu alayhi wa sallam

Hazrat Bilál (radhiyallahu an’hu) – O Tesoureiro de Raçulullah Sallalláhu alayhi wa sallam

Hazrat Abdullah Al-Hawzani (rahimahullah) menciona que certa vez, encontrou com Hazrat Bilál (radhiyallahu an’hu) em Halab (uma cidade em Shám – Síria). Ao encontrar com Hazrat Bilál (radhiyallahu an’hu), ele o perguntou: “Ó Bilál (radhiyallahu ‘an’hu)! Conte-me como Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) despendia a sua riqueza (pela causa de Díne).”

Hazrat Bilál (radhiyallahu ‘an’hu) respondeu: “Desde o momento em que Allah Ta‘ála escolheu Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) como Nabi até a altura em que Ele deixou este mundo, a condição de Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) era tal que (desde o período que estive com ele), sempre que ele recebia alguma riqueza, ele a entregava me.

“Sempre que um muçulmano vinha ter com Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) e Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) notava que a pessoa não tinha roupas (ou comida) suficiente, ele me instruía a providenciar roupas (e comida) para ele. Se Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) não tivesse riqueza, eu pedia um empréstimo  através do qual comprava um xaile e tudo o que fosse necessário, depois fazia vestir a pessoa e lhe oferecia comida.

Isso continuou até que, um dia, um descrente se aproximou de mim e disse: “Ó Bilál! Eu possuo muita riqueza, por isso, não peças empréstimos a mais ninguém além de mim.” Assim, comecei a pedir empréstimos a ele e parei de pedir empréstimos as outras pessoas.

Um dia, ao completar o meu wudhú, quando estava prestes a dar o Azán para o Saláh, vi o mesmo descrente por perto parado com um grupo de comerciantes. Quando ele me viu, imediatamente chamou-me, dizendo: “Ó Abissínio!” De seguida, começou a falar comigo de uma maneira muito rude e áspera.

Ele perguntou-me: “Você sabe quanto tempo falta para o fim do mês?” Respondi: “O fim do mês está próximo.” Ele disse: “Restam apenas quatro noites! Quando o mês terminar, se você não pagar a minha dívida, eu lhe tomarei como meu escravo em troca do dinheiro que você me deve. Não lhe emprestei riqueza por ter qualquer respeito por você ou pelo seu companheiro (isto é, Raçulullah, Sallalláhu alayhi wa sallam). Eu apenas lhe emprestei o valor para que você se torne meu escravo e eu lhe farei pastar cabras novamente (na sua vida) como você costumava fazer antes (quando era escravo).”

Quando ouvi essas palavras, fiquei chocado e surpreso. Mesmo assim, dei o Azán para o Saláh e de seguida efectuámos o Saláh de Ishá. Quando Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) voltou para casa após Saláh de Ishá, fui até ele e pedi permissão para entrar na sua casa a fim de falar com ele. Quando ele me autorizou, entrei e disse: ‘Ó Profeta de Allah (Sallalláhu alayhi wa sallam)! Que o meu pai e a minha mãe sejam sacrificados por si! O descrente, acerca de quem eu lhe informei que estou levar empréstimos, ameaçou me tomar como seu escravo se eu não o pagar até ao fim do mês. Nem vós nem eu temos condições de pagá-lo e ele quer me desonrar (diante das pessoas). Dê-me permissão para fugir para alguma outra localidade onde as pessoas tenham abraçado o Islám, para que eu possa permanecer entre eles até que Allah Ta’ala lhe conceda os meios para pagar o dinheiro que devo ao descrente.

“Depois de mencionar isso a Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam), sai da sua casa e segui para a minha. Ao chegar em casa, levei a minha espada, bolsa, lança e sandálias e as deixei ao lado da minha cabeça, e de seguida me deitei, virado para o horizonte. Tal era o meu estado de preocupação que inicialmente não consegui dormir. Sempre que adormecia, acordava de repente assustado. Finalmente consegui dormir e só acordei um pouco antes de Subh Sádiq (romper da aurora).

De manhã cedo, eu estava prestes a sair de casa quando uma pessoa veio correndo até mim e gritou: ‘Ó Bilál! Venha! O Mensageiro de Allah (Sallalláhu alayhi wa sallam) está a chamar-te!’ Imediatamente corri em direção a Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) e, ao chegar, descobri que perto da casa de Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) haviam quatro animais carregados de mercadorias.

Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) disse-me: ‘Boas novas (ó Bilál)! Allah Ta’ala criou os meios para pagares a tua dívida.’ Ao ouvir essas boas novas, imediatamente louvei a Allah Ta’ala.

Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) perguntou-me: “Você não passou pelos quatro animais sentados (aí perto)? Eu respondi: “Sim, eu os vi.” Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) disse: “Na verdade, os camelos, juntamente com suas cargas, são teus.”

Quando olhei, vi que estavam carregados com roupas e alimentos que o líder de Fadak (um lugar perto de Madinah) havia oferecido a Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam). Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) disse-me: “Leve estes camelos e seus pertences e pague as tuas dívidas com os mesmos.”

Eu obedeci a Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam), levei os camelos e comecei a descarregar as mercadorias. Amarrei os camelos e fui dar o Azán para o Saláh de Fajr.
Depois de efectuar o Saláh de Fajr, fui até Baqi, coloquei os dedos nos ouvidos (para me auxiliar a levantar a voz) e gritei em voz alta: “Quem quiser receber o dinheiro que Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) lhe deve, então ele que se apresente!”

Continuei a vender as mercadorias e a pagar as dívidas conforme os credores chegavam, negociando em troca do dinheiro devido, até que todas as dívidas foram liquitadas (incluindo a dívida com o descrente que havia ameaçado me tomar como escravo).

Depois de pagar todas as dívidas, ainda me restava uma e meia ou duas úquiyah (nome de uma moeda). A essa altura, a maior parte do dia já havia passado. Fui ao Masjid, onde encontrei Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) sentado sozinho. Depois de cumprimentá-lo com salám, ele perguntou-me o que eu havia feito com os camelos e as cargas de mercadorias. Respondi: “Allah Ta’ala pagou todas as dívidas do Profeta (Sallalláhu alayhi wa sallam) até que não restou mais nenhuma dívida.”
Ele então perguntou-me: “Restou alguma valor?” Eu disse: “Sim, duas moedas de ouro.” Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) disse-me: “(Dê esta riqueza em caridade e) alivie-me do seu peso!” Não voltarei para casa de nenhuma das minhas esposas até que você me alivie das duas moedas de ouro (doando-as em caridade aos pobres).’

Como ninguém havia aparecido com qualquer necessidade (a quem eu pudesse dar em sadaqah), Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) não voltou para casa  de nenhuma das suas respeitadas esposas e, em vez disso, passou a noite inteira no Masjid.

Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) permaneceu no Masjid até o fim do segundo dia. Só então chegaram dois viajantes, que os levei comigo para dar de comer e vestir. Depois de termos efetuado o Saláh de Ishá, Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) chamou-me e perguntou o que eu havia feito com o dinheiro que havia sobrado. Eu respondi a Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam): Ó Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam)! ‘Allah Ta’ala livrou-lhe da riqueza’.

Nabi (Sallalláhu alayhi wa sallam) exclamou de alegria ‘Allah Akbar!’ e louvou a Allah Ta’ala em gratidão, pois temia deixar este mundo enquanto possuía riquezas. Depois disso, eu o segui enquanto ele ia às casas de todas as suas respeitadas esposas, cumprimentando-as uma após a outra, até que finalmente chegou à casa da esposa com quem era a vez de ele passar a noite.

Hazrat Bilál (radhiyallahu an’hu) então disse a Hazrat Abdullah Al-Hawzani (rahimahullah): “Esta é a resposta à sua pergunta. Era assim que Raçulullah (Sallalláhu alayhi wa sallam) despendia a riqueza que ele recebia no caminho de Allah Ta‘ala.”

(Dalá’ilun Nubuwwah lil Baihaqi 1/348)

About admin2

Check Also

A firmeza de Sayyiduna Bilál (radiyalláhu an’hu) no Islám

Sayyiduna Bilál (radiyalláhu an’hu) é um dos mais conhecidos da elite dos Sahábah e foi …